Salvador apresentou avanços no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2023, cujos resultados foram divulgados na noite desta quarta-feira (14) pelo Ministério da Educação (MEC). De acordo com os números, a rede municipal da capital baiana registrou melhora na aprendizagem de português e matemática nos anos iniciais do ensino fundamental e ganhou uma posição entre as capitais nos anos finais.

Nos anos iniciais, Salvador teve nota de 5,47 na proficiência de língua portuguesa e matemática, superando o índice de 2021, que foi de 5,45. Neste quesito, a capital baiana teve nota final do Ideb de 5,3, superando a meta prevista de 5,1. O índice final do Ideb leva em conta tanto a proficiência quanto o indicador de rendimento.

Nos anos finais do ensino fundamental, a rede municipal de Salvador ganhou uma posição em relação às capitais do país, saindo da 19ª para o 18º lugar, alcançando nota de 4,2 no Ideb. Nos anos finais, a aprendizagem de português e matemática registrou índice de 4,59.

O prefeito Bruno Reis afirmou que, ao contrário de outros entes públicos, Salvador decidiu enfrentar o problema do déficit de aprendizagem provocado pela pandemia e não jogá-lo para debaixo do tapete. Ele afirmou que outros entes optaram pelo caminho mais fácil, com a aprovação automática dos alunos, o que provocou uma “elevação artificial” dos indicadores. Em Salvador, no entanto, a gestão preferiu não fazer isso e apostou no trabalho de recomposição do aprendizado.

“Eu optei por enfrentar o problema, e não jogar para debaixo do tapete. Quando o governo do Estado aprovou automaticamente os alunos pelo quarto ano consecutivo, ele resolveu maquiar o problema, deixou de enfrentar. Eu, não. Mesmo consciente de que isso pode implicar em algum tipo de avaliação que não seja positiva por conta do fluxo, que não foi de 100%, eu optei em seguir o caminho correto, que é de resolver o problema. Tenho certeza que esta era a melhor alternativa, a melhor opção”, afirmou.

Ele destacou que a pandemia deixou um déficit no aprendizado. “Sem sombra de dúvidas, a pandemia deixou diversas sequelas na sociedade como um todo, e a pior delas foi na educação, em especial nas redes municipais, porque nossas crianças, como têm pouca idade, tinham maior dificuldade de aprender por teleaula, por videoaula, por absorver conteúdo digital. Ficaram na prática três anos, quase sem aula, e naturalmente esqueceram o que aprenderam e deixaram de aprender”, acrescentou.

“Posso, no primeiro momento, sofrer, mas depois vamos trazer a solução definitiva. Entendo que problema não se esconde, problema se enfrenta, e nós estamos enfrentando as dificuldades deixadas pela pandemia na educação para que a gente possa mudar o presente e o futuro da nossa cidade”, salientou o prefeito.

Ações – O secretário municipal da Educação, Thiago Dantas, ressalta que a pandemia provocou um enorme déficit no sistema de ensino, não apenas em Salvador ou no Brasil, mas em todo o mundo. Ele destaca, contudo, que a Prefeitura de Salvador adotou uma série de medidas para recompor a aprendizagem.

Desde que a pandemia da Covid-19 foi controlada e as aulas na rede municipal puderam retornar em segurança, a Prefeitura de Salvador vem empenhando esforços para combater o déficit de aprendizado provocado por ela nas crianças – um mal que, aliás, não afetou apenas a capital baiana, mas todas as cidades e redes estaduais do Brasil. Foram lançadas diversas ações neste sentido, capitaneadas pelo programa Nossa Escola.

Em 2024, a Prefeitura direcionou R$ 2,7 bilhões do orçamento para a Educação, o maior volume de investimentos da história de Salvador. Além de custear as ações do programa, o município reforçou a equipe da rede municipal com cerca de 1,2 mil educadores contratados apenas nos últimos 18 meses.

“Também foram contratados 700 estagiários de pedagogia, português e matemática, como parte do Programa de Apoio à Aprendizagem (Paap). Eles estão em sala de aula auxiliando os professores a identificarem as deficiências de cada aluno nas matérias. A partir daí, a equipe tem desenvolvido atividades complementares específicas, a fim de reduzir o déficit de aprendizado. Além disso, foi lançado o Aprender+, com aulas extras aos sábados, para reforçar esse rol de atividades”, destacou Dantas.

Formação – Para dar suporte aos professores nesta jornada, a Prefeitura criou o Centro de Formação Emília Ferreiro, com cursos gratuitos de formação continuada para toda a rede. Mais de 8,5 mil educadores já passaram pelo local em maio e junho passados. Além disso, implantou o Centro de Acolhimento ao Educador Tereza Cristina Santos, com 50 psicólogos que vão cuidar da saúde mental dos professores e de outros profissionais do ensino.

Todos os alunos da rede municipal receberam gratuitamente kits com novo fardamento, dois pares de tênis, mochila, estojo, lápis de cor, hidrocor, régua, entre outros mais de 30 itens de material escolar. Pela primeira vez, as crianças matriculadas nas escolas parceiras também receberam o mesmo kit completo.

Tecnologia – Salvador também investiu em tecnologia para recompor o aprendizado dos alunos. Todos os alunos do ensino fundamental receberam tablets com acesso à internet, totalizando mais de 100 mil aparelhos. Além disso, a gestão disponibilizou 22 mil chromebooks para a rede, sendo 8 mil para professores e 14 para garantir laboratórios de informática em todas as escolas.

Em complemento à estratégia, foram disponibilizadas duas plataformas virtuais de aprendizado, a Tech4Kids e a AVA, proporcionando que as crianças aprendam de forma fácil e divertida.

“No rol de iniciativas inéditas para a cidade, a Prefeitura criou o Programa Dinheiro Direto na Escola Soteropolitana (PDDES), que liberou R$ 15 milhões diretamente para as mais de 400 unidades da rede municipal de educação. Os recursos são destinados para a cobertura de despesas e para pequenos investimentos, dando mais autonomia às escolas e garantindo o bom funcionamento das unidades de ensino”, salientou Thiago Dantas.

Na área de infraestrutura, a Prefeitura entregou 28 novas escolas de alto padrão, que contam com salas climatizadas, laboratórios, quadras cobertas, piscinas e outras melhorias no ambiente escolar. Outras 24 estão em construção: serão 52 novas unidades de ensino na capital baiana até o final de 2024. Além disso, 164 escolas foram reformadas e 80 quadras poliesportivas ganharam cobertura.

Política Livre

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